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30 de jul. de 2010

Editor da revista Scientific American Brasil realiza bate-papo sobre ciência na 62a SBPC


O editor da revista Scientific American Brasil, Ulisses Capozzoli, realizou na manhã dessa quinta-feira (29 de julho), no auditório do Labcom, um bate-papo super instigante conduzido pelo professor de comunicação social Ruy Rocha sobre a ciência e os rumos que a área vem tomando no nosso país.


A revista é pioneira em difusão científica. Originalmente americana, surgiu em forma de jornal com a proposta de proteção de patentes. Conquistou renome e importância em escala internacional e terá agora no mês de agosto a apresentação da sua 100a edição. Países como Estados Unidos, Espanha, Polônia e Itália também desfrutam de suas edições.


Capozzoli descreve a Scientific American como um caso a parte, por divulgar a ciência de um modo inovador, por abordar questões emergentes e ser uma revista de fronteira, a qual está sempre buscando ampliar os limites de áreas científicas, como a astrofísica, fazendo tudo isso através de uma linguagem acessível.


Durante a conversa, Ruy destaca que outros países, principalmente os Estados Unidos, têm uma abordagem visivelmente mais aprofundada sobre a ciência e uma maior demanda pelo assunto. Capozzoli explica que é resultante de um fator histórico, pois o Brasil esteve, de certa forma, excluído da revolução científica do século XVII, sofrendo grande influência da contra-reforma, que trouxe o obscurantismo português, ou seja, proporcionou a chegada de uma ciência tardia e comprometida, decadente, aqui no Brasil.


Dessa forma, enquanto países criaram uma maior e mais rápida identificação com a ciência, o nosso país esteve distanciado devido à opressão da Igreja. Entretanto, o Brasil tem uma base científica e uma universidade atual, moderna. O editor diz ainda que o bom senso do positivismo é uma influência na sociedade brasileira e que isso é um equívoco. “Se você usasse o bom senso na ciência, a física quântica não existiria”, explica Capozzoli.


O assunto gerou grandes e produtivas discussões que ainda se prolongaram em torno da visão investigativa do editor. Ele se aprofundou a cerca da perspectiva da boa ciência, acreditando na necessidade de uma expectativa de experiência de estranhamento para alavancar a investigação científica. “Dizer que só existe uma única verdade é um equívoco”, insiste Capozzoli.


O editor encerrou falando que a SBPC é uma grande iniciativa para o compartilhamento de conhecimento e consiste numa tentativa de provocar o imaginário científico dos jovens, atentando para um pensamento menos conformista. Diz ainda que a sociedade deve ser menos arcaica e mais crítica, pois constituímos um povo com pensamento científico pouco consolidado, mais apoiados na racionalidade, o que não chega a ser suficiente.

O bate-papo funcionou como uma entrevista e agradou a todos que compareceram no sentido de que ampliou nossos conhecimentos e visões sobre o universo científico.

Repórter: Luiza Freire
Foto: Jessé Pinto

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